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Problemas gravíssimos na atribulada época do último bicampeonato






Mário Wilson, filho do antigo técnico do Benfica com o mesmo nome, fazia parte do plantel do Farense em 1983/84. O agora coordenador de futebol 7 de formação do Malveira da Serra lembra-se de Jesus como alguém que já demonstrava "personalidade vincada" e "espírito de liderança". "Tentava impor as suas ideias, boas ou más. Não quer dizer que tivesse a solução mais acertada."

Segundo Wilson, Jesus "sempre foi muito focado e competitivo e que sabia o que queria". "Tentava fazer-se ouvir, sobretudo nos jogos, corrigindo posicionamentos." No entanto, não era tarefa fácil, num grupo onde não faltavam pesos-pesados, como Meszaros, Bukovac, o campeão do Mundo Gil, o ex-FC Porto Óscar, Alexandre Alhinho ou Nélson Borges, que jogaria no Est. Amadora.

"Era-lhe difícil sobressair. Havia vários líderes. Era uma liderança repartida por dois ou três elementos." Como se não bastasse, o Farense, além de ter um plantel renovado, viveu "uma época de muito atribulada", por causa dos ordenados em atraso. "Registaram-se problemas gravíssimos. Quem não tinha amealhado algum dinheiro...", conta.

As promessas do presidente, Fernando Barata, para a regularização dos ordenados não se concretizavam. "Eram promessas, promessas. O futebol, na altura, era uma profissão de risco. Não havia mercado de inverno, nem justa causa." O próprio treinador, Mladenov, bateria com a porta. Sucedeu-lhe Manuel Cajuda, então adjunto e que havia terminado a carreira de jogador. O português acabaria por garantir a manutenção.

"Lembro-me que fomos para estágio para o hotel onde costumávamos ficar, mas um dia mais cedo. Cajuda apelou ao nosso profissionalismo. No clube, diziam-nos que a manutenção era crucial para o clube e para a continuidade do projeto", refere Wilson. Apesar disso, contrapõe, "os problemas não se resolveram".