R – Vamos olhar para os rivais. Como é que analisa esta revolução que está a acontecer no FC Porto e a forma como o Sporting tem preparado a próxima época?
RV – Cada clube tem a sua realidade. Estou convencido que estão num quadro mais complicado, porque quer um quer outro não têm tido sucesso no que diz respeito a títulos. Vai ser um campeonato muito disputado e até pode ser bom para o Benfica, para que os adeptos possam estar ainda mais ligados e não pensarem que tudo se vai processar em velocidade de cruzeiro. Em conjunto temos de fazer mais. Já estamos a trabalhar bem, mas os adversários vão obrigar-nos a trabalhar ainda mais.
R – Afinal, os oitos anos de Maxi Pereira no Benfica parecem não ter pesado...
RV – Sei que ainda não respondeu à proposta e não quero dizer muito mais. Sempre pensei, sinceramente, que os oito anos teriam impacto na decisão. É a vida. O Benfica é grande de mais e se ele não vier teremos soluções para estar a competir ao mais alto nível. Se ficar, é um dos nossos. Se não ficar, deixa de ser problema nosso.
R – Luís Filipe Vieira diz-lhe amanhã que se vai sentar no banco. Autoriza?
RV – (risos) Estamos perfeitamente à vontade um com o outro. Eu faço o meu papel e ele faz o seu. Não há problema por isso.
R – Vai abdicar do seu sistema de jogo preferencial, que tem sido o 4x3x3, ou vai moldá-lo ao 4x4x2, sabendo nós que no futebol não há um sistema estanque…
RV – Seria redutor se dissesse que uso só um sistema e já houve treinadores no futebol português que pensaram assim e, se calhar, tiveram problemas. Às vezes somos levados a ter de adotar outra estratégia. A minha equipa tem mecanismos de trabalho para podermos trabalhar com qualquer um dos sistemas. Ninguém vai chegar ao pé de mim e perguntar o que há de fazer quando tiver a bola, seja qual for o sistema. Falar em 4x3x3 apenas seria redutor, e quando houvesse uma necessidade de alternância seria mais complicado trabalhar. A única coisa que sei é que é preciso olhar para o contexto. Há hábitos que estão enraizados e que não se mudam de um dia para o outro. Hoje em dia ninguém pode dizer que os sistemas A ou B são modernos, ou que se ganha mais de uma forma do que de outra. Vamos olhar para o que foi feito, olhar de cima, como se estivesse no topo de uma floresta, e decidir qual a melhor estratégia a implementar. O modelo é muito mais do que o sistema, que no fundo é a disposição tática, mas há mais coisas que uma equipa tem de ter como suporte. O meu Benfica vai ter umas particularidades diferentes, mas não quero ser taxativo. Se utilizei mais vezes o 4x3x3, foi porque muitas vezes pensei que era o que mais se adaptava, mas se analisarem um pouco o Vitória de Guimarães vão reparar que houve alternâncias táticas significativas e momentos em que o 4x3x3 não era assim tão claro.
R – O Benfica vai estar quase 20 dias fora de Portugal nesta pré-temporada.Qual é a sua opinião?
RV – As grandes equipas são convidadas para os grandes torneios, e cada vez mais o futebol moderno passa por estes torneios de início ou fim de temporada. Fico feliz por Benfica ter sido convidado, significa que é um clube de dimensão mundial, e isso deve deixar-nos orgulhosos.Vamos ter oportunidade de estar junto das nossas comunidades de emigrantes, nomeadamente em Toronto e Newark, e isso também é importante para nós. Às vezes desgastamo-nos com algumas coisas de forma inútil. Vejo sempre estas coisas pelo lado positivo: será um tempo em que vamos estar mais tempo próximos uns dos outros.