«Antes havia mais malandrice...»
Numa conversa sem amarras e sem limites, e sob o tema ‘os caminhos para chegar a campeão nacional’, Rui Vitória falou durante cerca de uma hora, encerrando Fórum do Treinador de futebol/futsal que durante dois dias encheu o pavilhão da Universidade do Minho, em Braga.
«Um jogador com confiança é meio caminho andado, mas a coerência também é importante. Acho que os jogadores gostam disto, porque não são máquinas. A preocupação com o homem também é importante, porque todos temos família, é preciso perceber o ser humano para depois trabalhar o jogador, isso é determinante. Ter o maior conhecimento possível do jogador, saber se o filho está bem, se tem televisão para ver o futebol. No fundo, perceber se o jogador se sente bem da cabeça, porque o resto está lá.»
«Para se ser um jogador de primeira linha não é preciso ser-se um super homem em miúdo. Tem de haver qualidade, como é evidente, porque ninguém faz de uma vassoura um jogador. Não tenho qualquer problema em acreditar, não é lançar, é acreditar. Independentemente de ser treinador e trabalhar num clube da dimensão do Benfica, qualquer treinador deve ter uma margem para incluir um miúdo».
Mas sobra o reparo: «Os jogadores estão a aparecer cada vez mais preparados. Mas antigamente havia mais atrevimento, mais malandrice. Noto que hoje interessam-se menos pelo futebol, é mais comando na mão. Veem menos futebol e nós jogávamos na rua. Hoje, o jovem já não tem esse conhecimento...»