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«Benfica não pode vender tudo o que se valoriza nem comprar tudo o que aparece»



A política de contratações e a venda de jogadores na Luz foi um dos temas abordados por Rui Gomes da Silva na crónica semanal que assina no blogue 'Novo Geração Benfica'. O antigo vice-presidente dos encarnados critica "modelo de alta rotação", com a chegada de jogadores que "nunca jogarão na primeira equipa do Benfica".

"O Benfica só é um clube grande vendedor porque é um clube muito comprador!", garante Gomes da Silva. "Pode vender um ou outro que, sendo da formação, não tenha qualidade para a nossa 1.ª equipa ou um ou outro jogador que tenha rendido muito desportivamente ao Benfica, depois de cá passar alguns anos! Mas não pode vender tudo o que se valoriza sem daí retirar o devido proveito desportivo nem comprar tudo o que aparece!"

E atira: "O Benfica não pode ser comprador de jogadores que toda a gente sabe - incluindo quem os compra - que nunca jogarão na primeira equipa do Benfica (como, ainda agora, estamos, novamente, a constatar). Então, sabendo todos disso, porque continuamos a comprar?", questiona. "Sei eu, sabem eles, saberão vocês! Até porque esse modelo de alta rotação nem sequer condiz com a apregoada e reconhecida qualidade da formação do Seixal. Comprar para poder vender não é o caminho, certamente!"

A postura de Luís Filipe Vieira foi criticada pelo antigo vice-presidente dos encarnados: "Mas será a grandeza europeia do Benfica compatível com ter um Presidente que voa para vender jogadores? Nos grandes clubes - os do grupo a que o Benfica, merecidamente, reclama pertencer - os Presidentes não voam para comprar e muito menos para vender! Mas o que não quero mesmo 'é quem ande pelo mundo a tirar fotografias com os jogadores que vende com a bandeira do clube ou com o novo equipamento do jogador vendido!' Não, isso é que não quero mesmo no Benfica!"

E prossegue: "Não quero isso, até porque - se esse fosse o caminho - quem vendeu 750 milhões de euros, em jogadores, nos últimos 10 anos, teria uma situação invejável, em termos de passivo. E não tem! Ora, se não tem é porque ou são incompetentes (assumindo esta incompetência a formulação que mais vos convier, de acordo com o que acham ser possível) ou, então, esse não é o caminho! Se fosse, a solução seria fácil!"

Gomes da Silva aborda neste âmbito a questão dos empresários: "O que é difícil - impossível mesmo, para um clube português - é ganhar na Europa e dar muito dinheiro a ganhar aos empresários (como já sabíamos de ter visto noutros)! O que é difícil - impossível mesmo, para um clube português - é estabilizar uma equipa para ganhar na Europa se tiver empresários como 'parceiros estratégicos'! Porque eles, não sendo do Benfica, só querem saber deles!"

O antigo 'vice' não esqueceu também os empréstimos. "E quem fala em vendas pode falar, também, em empréstimos! Talisca tinha vários interessados a troco de milhões! Jimenez vários interessados tinha que dariam milhões (pelo menos 60 ouvimos todos)! Carrillo tinha meio mundo interessado a troco de muitos milhões! Porque será que não se vendem e se emprestam jogadores com mercado que se sabe não terem espaço no Benfica? Para quando voltarem ou saírem de vez termos apenas parte do seu 'passe'?, questiona.

"Seguir-se-á Grimaldo? E Samaris? E Pizzi? E Salvio? Ou até André Almeida? E - não sendo possível não comprar - não seria preferível vender tudo o que se sabe como saberá o melhor 'scouting' do mundo que não terá, nunca, qualquer hipótese de vestir oficialmente o 'manto sagrado'? A não ser que os empréstimos mesmo com as comissões que o Benfica paga ajudem à diminuição do passivo (nunca é tarde para aprender)!"