André Horta chegou ao V. Setúbal referenciado como um 10 puro, capaz de organizar todo o jogo de uma equipa. Carlos Grosso, primeiro treinador do jovem na formação sadina, puxou da memória para recordar a forma como, naquele primeiro ano, desenhou uma equipa que recebeu vários elogios pela boa campanha no campeonato nacional de juvenis. A verdade é que Horta não começou a assumir as funções que, agora, tem desempenhado de águia ao peito.
"É verdade que ele chegou como 10, mas, nessa altura, tínhamos cá outro miúdo, o Fred, que também desempenhava essa posição. Experimentámos jogar com os dois mas não dava e, para não perdermos a qualidade deles, arranjámos uma solução para o Horta que, na nossa ótica, era boa. Acabou por resultar, porque na primeira época ele fez uns 16 ou 17 golos", afirmou. E que solução foi essa? "Atuávamos com três jogadores na frente e ele partia da esquerda para dentro. Jogava ele, o Calila e o Márcio na frente, sendo que os dois extremos tinham os pés ‘trocados’. O Horta era destro mas jogava pela esquerda e o outro era esquerdino e jogava pela direita. O Calila também se movimentava muito bem e, com o Fred por trás, a equipa tinha uma qualidade de jogo muito boa, com bons princípios de jogo"
No que respeita aos processos defensivos, o jovem médio também melhorou imenso. "Isso não era com ele", lamenta Grosso, que, no entanto, garante que a qualidade ofensiva de Horta acabava sempre por compensar essas lacunas: "Mas agora reage muito bem à perda da bola. Não perdeu aquela vontade de tê-la nos pés sem medo."