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«Percebo muito a mística deste clube»



R: Como foi fazer a passagem das bancadas do Estádio da Luz, onde era presença habitual, para os relvados, agora como jogador?

AH – Foi muito bom. Foi o reconhecer do trabalho que tenho vindo a realizar desde a minha formação. É diferente ver o jogo das bancadas, claro, sem aquela pressão de ter de decidir uma jogada, um golo, um remate ou um passe. Mas lido muito bem com isso, para mim é tranquilo. É para isto que eu vivo, foi isto que decidi fazer da minha vida, jogar futebol, e não tem de haver qualquer tipo de pressão. Como já viram, a minha atitude como jogador é a mesma que tinha como adepto. Sofro muito dentro e fora do campo e é isso que vou continuar a fazer. Percebo muito a mística deste clube e sei o que é preciso fazer para vingar aqui. É o que vou continuar a fazer.

R: Sente que o facto de ser um jogador/adepto também faz com que os benfiquistas olhem para si de outra forma?

AH – Se calhar, de certa forma, isso pode acontecer, mas sei que quando algo correr mal ou quando a equipa estiver pior do que agora, com jogos menos bons, também quero ser julgado da mesma forma que acontecer com os meus colegas. Espero também ter essa responsabilidade e que me digam quando estou mal. Não quero apenas que me deem palmadinhas nas costas e que digam: "O André é muito benfiquista, então está tudo bem." Espero ser julgado quando estiver bem e quando estiver mal. Quando se está bem, tem de se dizer que está bem; quando se está mal, também espero que se diga que está mal. Não vim para o Benfica apenas por ser benfiquista, mas sim pela qualidade que mostrei como jogador. Quero ser julgado como outro qualquer.

R: Como é que o André vivia o Benfica quando era mais novo? Acompanhava a equipa em todos os jogos?

AH – Nos jogos fora era um pouco mais complicado, e em alguns em casa também. Acabava, por vezes, por ter jogo no V. Setúbal, e tinha estágios, e isso tornava tudo mais difícil. Falhava alguns jogos, como é normal, mas sempre que podia, mesmo fora, acompanhava a equipa para todo o lado.

R: E defrontar o Benfica com a camisola do V. Setúbal, foi um momento marcante?

AH – Foram jogos difíceis, porque o Benfica, em casa, era uma equipa muito forte. Já sabia o que esperar sempre que vinha cá jogar. Era um misto de emoções, mas tinha de ser profissional e lutava e dava o máximo pela minha equipa. No fim do jogo, fosse qual fosse o resultado, acabava por ficar satisfeito.

R: No Benfica encontrou Rui Costa, que é um ídolo seu. Tem sido bom para si poder privar com ele?

AH – No futebol é sempre bom um jogador, principalmente jovem, como eu, poder ter contacto com os ídolos de infância. Tem sido importante para mim privar com ele, já recebi conselhos, como vários outros jogadores. Tem uma vasta experiência no futebol e o meu objetivo passa por tentar sempre melhorar e aprender com os melhores.

R: Essa tatuagem que tem no pulso, com a data de fundação do Benfica, é um amuleto?

AH – Lembro-me que, quando saí do Benfica, ainda não tinha bem a noção do que era o clube. Depois de sair houve um clique para perceber que, realmente, era uma paixão. Quando cheguei ao V. Setúbal, comecei a sentir ainda mais o clube do que quando cá estava. Ainda não tinha nenhuma tatuagem e precisava da autorização dos meus pais. Passado um ano, fiz a primeira, com a autorização deles, e lembro-me que esta já foi às escondidas deles. Não lhes disse nada. Era júnior de primeiro ano no V. Setúbal quando fiz esta tatuagem. Já não lhes pedi autorização, mas foi uma decisão bem tomada e da qual nunca me vou arrepender.

R: Esse seu ‘benfiquismo’ vem dos seus pais?

AH – Avós e pais. Passou para mim e para o meu irmão e espero que passe para os meus filhos. E netos!