O segredo da impulsão de Bruno Varela
Hoje titular do Benfica, Bruno Varela não esquece a importância de José Henrique, antigo guarda-redes do Benfica e da Seleção, na sua formação. "O meu trajeto tem muita mão sua"
Entre os "muitos conselhos" que recebeu daquele que ficou conhecido como Zé Gato, Varela, de 23 anos, conta: "Quando era mais novo, não dava o passo para fazer a impulsão, algo muito importante. Ele insistiu muito nisso, pois é algo que faz a diferença. Muitas vezes, enquanto os outros guarda-redes iam para a baliza, eu ficava com ele a trabalhar. Ele dizia ‘isto vai mudar o teu jogo e dar-te mais capacidade’. Foi o mais importante que me ensinou."
Oito vezes campeão no Benfica, José Henrique, de 74 anos, refere que se limitou a ensinar aquilo que aprendeu enquanto guarda-redes, numa altura em que não havia um treinador responsável por essa preparação específica. "Se não sair do chão, consigo ir buscar a bola a dois metros. Se der o passo lateral, consigo ir a três metros", explica quem se diza "bom de pés". "Quase jogava a central de Humberto, Messias e Zeca."
Os treinos de guarda-redes evoluíram. "Hoje dá gozo ver. Não tem a ver com os do meu tempo. Eusébio, Coluna, Simões e Torres chutavam 20 bolas e eu defendia. Acabava os jogos, ia para casa e rebobinava os lances em que tinha tido mais dificuldade, para treinar no campo, sozinho. Fazia de uma área à outra a nadar em seco, para fazer o movimento de corpo e rins. Hoje, se vissem alguém a fazer isso diziam que era maluco."
A relação, de "pai e filho", entre dois iniciou-se há 12 anos, quando Varela chegou ao Benfica. "O Bruno tinha corpo, estatura, reflexos e sentido, quatro características para poder singrar", recorda José Henrique. "Cada vez que ele entra em campo, é um pouco de mim que está na baliza. Quando ele sofre um golo, eu sofro mais. Quando dizem mal dele, também dizem mal de mim", acrescenta, sublinhando o "potencial" do dono da baliza das águias para ir ao Mundial.