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Bernardo Silva conta como Chalana salvou a sua carreira



"Quando tinha 5 anos, lembro-me estar o jardim dos meus avós a jogar futebol com a minha irmã, são as minhas primeiras memórias. Era em Sesimbra, onde íamos e ainda vamos de férias. Tínhamos um grande jardim nas traseiras, uma as melhores memórias que tenho da minha infância é essa."

"Não podia escolher entre a minha mãe e o meu pai. Ela é grande fã do Sporting... Eles separaram-se cedo e não tenho muitas memórias dos dois juntos, mas sei que eram apoiantes de diferentes clubes."

"Sou natural do centro de Lisboa, os meus pais hoje ainda têm apartamentos na mesma zona, perto da Avenida de Roma. Tenho a minha família e os meus amigos no mesmo sítio, as escolas que frequentei, dos 3 aos 20, são todas ali... O que torna especial e fantástica a cidade é a boa comida, os sítios para ver... As pessoas que me são mais próximas estão lá."

"A minha família sempre gostou de futebol, o meu pai, o meu avô. Sempre também gostei. Claro que alguém tem de te dar uma bola para jogar, mas depende das pessoas. Há quem brinque com carros, com 'action man', eu foi com bolas."

"Tornei-me fã do Benfica porque é o maior clube em Portugal, o meu pai era do Benfica. Penso que é um clube com muita história, muitos adeptos, a atmosfera no estádio é fantástica, é o melhor não há dúvida. Quando era miúdo ia com o meu pai e os meus amigos ao estádio."

"Ídolo? Rui Costa! Do Benfica, um grande jogador, um dos melhores de sempre em Portugal. Trabalhador, jogador de equipa, marcou golos muito importantes. Para mim era uma referência, jogava mais ou menos minha posição, era um jogador fantástico!"

"Quando tinha 7 anos comecei no Benfica, dizia ao meu pai e aos meus avós que queria muito jogar no Benfica. Só jogava na escola com os amigos e quando deixaram ir para o Benfica, foi um presente de aniversário, foi um momento que me mudou. 

"Ofereceram-me a oportunidade de jogar duas ou três vezes por semana nas escolas do Benfica, pagavam mensalmente para eu jogar. Foi o meu avô, que é do Sporting. Deixou-me ir porque era o que eu queria. Deu-me um cartão em que dizia que eu tinha sido convidado a treinar no Benfica."

"Depois de os meus pais se divorciarem passei a viver em Sesimbra e treinava depois da escola. Tinha de apanhar o autocarro, o barco, o metro, treinava e depois fazia o caminho inverso da mesma maneira. Isto todos os dias. Foi intenso, mas eu gostava. chaga por volta das 9 da noite e acordava às 7 da manhã para ir para a escola. Era cansativo mas não me arrependo."

"Ia com muitos amigos, muitos jogadores deslocavam-se para o treino da mesma forma que eu. Quando não estava com eles ouvia musica ou ligava a alguém..."

"Joguei 12 anos no Benfica. Quando não se é opção para o treinador em miúdo isso é complicado, em alguns anos não fui opção, muita gente me ajudou, a minha família... Mas foi Fernando Chalana quem me ajudou mais, tinha uns 16 anos, ele deu-me confiança para continuar. Eu queria sair do Benfica, queria jogar mais, mas ele veio ter comigo e disse: 'este treinador não percebe nada de futebol, tu és o melhor jogador aqui e um dia vais ser muito importante, vais ver que consegues'. As palavras dele deram-me muita confiança porque ele foi um grande jogador no seu tempo, uma referência para o Benfica e para Seleção. É uma pessoa muito especial para mim."

"Não posso comparar-me com Messi, mas as pessoas fazem-no. Somos dois esquedinos, sou pequeno como ele, já joguei no lado direito, mais ou menos o mesmo estilo. Chalana costumava chamar-me Messizinho..."